sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Um remoto controle

A gente passa a vida achando que tem o controle das coisas. Acha que pode qualquer coisa desde que queira. Até que encontra um muro bem alto e se dá conta de que não consegue pular. Se dá conta de que na verdade não pode quase nada daquilo que realmente importa.

Pode passar no vestibular, pode aprender vinte e três idiomas, pode resolver a equação de Schrödinger, pode conseguir aquele emprego que todo mundo gostaria, pode terminar a faculdade, pode ganhar dinheiro, pode conhecer quarenta e sete países, pode... Pode tudo, não? Pode nada.

Não pode mudar os sentimentos de alguém. Não pode trazer de volta quem se foi. Não pode curar certas doenças. Não pode mudar o imutável. No fim das contas, só podemos mudar a nós mesmos. Se os fatos são imutáveis, só podemos mudar o modo como os enxergamos. Essa é a parte difícil. E como.

Modificar a si mesmo. Às vezes isso é tão difícil. Enxergar as coisas sob outro ângulo. Principalmente quando a nossa visão está obfuscada pela raiva e pelo rancor. Houve uma vez em que consegui. Foi muito bom e gratificante. Vencer a si mesmo é a maior vitória que um ser humano pode alcançar.

Novamente me vejo em uma situação do tipo. E, nesse momento, só espero conseguir de novo. Mas ainda não vejo luz alguma no fim do túnel. Desanimar é humano, não é? Ter convicção de que a vida tem um sentido (superar a si mesmo) não impede alguém de ficar cansado e desanimar, não é?

Sei lá. Uma certa pessoa me diz: "o problema é que nos acomodamos e paramos de pensar na vida". Mas e daí? Que mal tem viver um pouco, simplesmente viver, sem grandes questionamentos. Que mal tem? Quem disse que porque o sentido da vida (a minha) é superar a si mesmo, eu preciso passar o tempo todo como um ser angustiado e pensativo? De que adianta pensar se isso nunca te levar à paz? E, caso leve, você não se permita simplesmente viver, ficar "acomodado"? Por que acreditar que a única forma digna de existência é o sofrimento?

Enfim, não temos controle sobre muito, talvez tudo, daquilo que realmente importa. Exatamente isso é que nos obriga a mudar quando nos deparamos com certas situações da vida: sofremos e não podemos mudar o mundo, então só nos resta mudar a nós mesmos. Esse é o mecanismo da evolução espiritual, de se tornar melhor. Mas, sofrer é um meio para mudarmos, e não uma finalidade para a vida. Acho que a finalidade maior é ter paz, e simplesmente viver.

Gostaria que fosse mais fácil fazer do que falar.

Nenhum comentário: